por Neia Costa * |

 

O livre acesso à informação é requisito mínimo para abranger o eixo democrático e garantir o cumprimento dos direitos humanos. O direito ao acesso à informação não se restringe apenas em recebê-la, mas em buscá-la e transmiti-la.

A divulgação das informações tem contado com um excelente aliado: as tecnologias de informação e comunicação. Esses meios são mecanismos poderosos para que as informações sejam processadas e divulgadas, facilita o acesso e convida a sociedade a participar de forma democrática.

Entretanto, nem toda participação na Internet é benéfica para a população.

Trata-se, também, de um ambiente propício para reproduzir a lógica racista da sociedade. É preocupante e comum a casos de racismo na Internet, pois muitos acreditam ser a plataforma uma terra sem lei.

Ofensas racistas partiram das redes sociais à Taís Araújo (2015), atriz global; à Maria Júlia Coutinho (2016), apresentadora da previsão do tempo no Jornal Nacional; e à Titi (2017), filha do ator Bruno Gagliasso. Outros tantos casos aconteceram sem que houvesse repercussão. E assim acontecem as violências contra o povo negro invisível e silencioso.

Outro aspecto a ser considerado é a diminuição e a ridicularização do preconceito vivido por este grupo, que se adapta às redes sociais e a tantos outros espaços e plataformas. Em 12 anos, segundo indicadores da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, a Central de Denúncias, coordenada pela ONG Safernet, recebeu e processou aproximadamente 567.497 denúncias anônimas de racismo envolvendo 96.179 páginas (URLs) distintas (das quais 32.095 foram removidas) escritas em 7 idiomas e hospedadas em 11.306 hosts diferentes.

É importante lembrar que existe legislação sobre o assunto, mas pouco se aplica o chamado Marco Civil da Internet. Este, por sua vez, determina que deve haver respeito à liberdade de expressão e limita o exercício da cidadania nos meios digitais com vistas a garantir os direitos humanos.

Existem meios para que esse ambiente tecnológico seja vantajoso para a população, o que falta são campanhas para promoção da igualdade racial na Internet e conscientização da população.

Não sei você, mas não é para isso que eu pago a Internet.

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*Lineia Costa é quilombola, nascida em Berilo, Minas Gerais. Apaixonada por literatura passou, em pouco tempo, a redigir textos. Jornalista, com formação em Publicidade e Propaganda é especialista em comunicação institucional e redação oficial. Mas, mais que tudo, Neia – como a chamamos – é o braço direito do Coletivo Maria Cobogó. Vende, organiza, produz, agita, contabilliza e nos enche de carinho. É a nossa estrela cobogó.