Por Marcia Zarur
Dia desses fui gravar num cantinho da Universidade com o nome sugestivo de ‘Oficina de Maquetes e Protótipos’. Nem me lembrava mais, pois faz décadas, mas já estudei ali. Eram aulas sobre materiais alternativos, onde aprendi a fazer papel artesanal. Como uma alquimista principiante, transformava jornais velhos e guimbas de cigarro em folhas de papel rústico.
Enquanto esperávamos a equipe, eu e um amigo querido aproveitamos a manhã fria pra tomar um chocolate quente, bem em frente, na cantina da Faculdade de Direito. O clima da UnB é sempre especial, inspirador – onde pulsa forte o frescor da juventude, da criatividade, dos sonhos e da esperança. Ficamos ali admirando essa atmosfera e filosofando a respeito da pressa do tempo, que teima em passar tão rápido…
Tanto corre que mal terminamos o chocolate e já estávamos atrasados para a gravação. Era num ateliê de esculturas, com um dos sábios mestres que a UnB insiste em cultivar. A conversa fluiu, produtiva e prazerosa, e no fim um detalhe me chamou a atenção. As luvas coloridas, surradas, dependuradas num varal improvisado perto da pia. No meio de obras de arte fantásticas, foi aquela cena que me capturou e que eu, rapidamente, capturei com o meu celular.
Talvez porque ela me diga muito a respeito da alma da minha Universidade. Um lugar de trabalho árduo, mas criativo; onde a inteligência e a sagacidade andam juntas; onde o espaço para a experimentação é o impulso para novas descobertas; onde a ousadia é incentivada, e sempre bem-vinda, porque é o motor das grandes transformações; e onde até os pequenos detalhes, como meia dúzia de pares de luvas sujas, transpiram poesia.
Tenho muito orgulho de ter estudado nessa universidade-sonho que é a cara de Brasília, onde meus pais se formaram e onde meu filho agora começa o seu caminho profissional.
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Foto: @marciazarur