por Gina Vieira Ponte Albuquerque * |

 

                                    “Esses mercados minam a democracia e a humanidade.”

Vi a propaganda do documentário “O Dilema das Redes” e decidi assisti-lo ontem. Depois de vê-lo concluí que ele é muito, muito mais do que um documentário, é um manifesto, é um anúncio claro da catástrofe que está em curso – a destruição do tecido social e a degradação das democracias mundiais pela ação das redes sociais.

Os produtores decidiram mesclar dois gêneros – enquanto discutem o tema a partir de depoimentos de especialistas em tecnologia,  psicólogos e advogados, eles apresentam paralelamente a história (uma narrativa ficcional) de uma família americana: um casal, uma jovem, um adolescente e uma criança de 11 anos. A partir do foco nesta família vão sendo discutidos pontos relevantes como o impacto das redes sociais na saúde mental de crianças e de adolescentes, o aumento exponencial de casos de suicídio e automutilação nesse grupo e uma polarização nunca vista na história da humanidade.

Para tratar deste tema específico, eles partem dos EUA e da relação atual entre Democratas e Republicanos, mas, claro, trazem um exemplo dos mais contundentes – o Brasil.

O grande personagem do documentário é Tristan Harris, ex-design ético da Google. É a partir de percepções que teve sobre o trabalho que fez dentro da empresa que ele começa a se incomodar  com o que está acontecendo no mundo. Tristan  comunica em detalhes  o que ele, um dos cérebros por trás de tudo o que o Google promove, percebeu em relação ao que de mais destrutivo as redes sociais têm: a partir de metas ligadas a engajamento, crescimento e propaganda, essas plataformas inseriram a manipulação no centro de tudo.

É um documentário obrigatório para quem é mãe, pai, professor, professora, para quem se preocupa minimamente com o nosso futuro. A resposta para o problema não é fácil e não é individual. Mas, ela é urgente, e o próprio documentário aponta caminhos importantes. Nós construímos essas coisas e temos a responsabilidade de modificá-las antes que elas destruam as democracias e nos destruam. Assistam, por favor. E, se já assistiram, me ajudem a pensar sobre o que podemos fazer juntos em relação ao que o documentário mostra (O documentário é original da Netflix).

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* Gina Vieira Ponte de Albuquerque é  ceilandense, professora da educação básica no DF,  Mestra em Linguística e especialista em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar e em  EAD.  É ainda, autora do Projeto Mulheres Inspiradoras.

Imagem: foto do filme Mil Novecentos e Oitenta Quatro (Nineteen Eighty-Four) – Reino Unido, 1984, baseado no livro homônimo (1949) de George Orwell (1903-1950).