por Márcia Zarur
Definitivamente 2019 foi um ano estranho. Acho que nunca senti a intolerância tão pulsante e as pessoas tão descontentes. Situação do Brasil ou fenômeno mundial?
Não viajei o mundo para saber, mas o clima pesado por aqui é indiscutível. Uma nuvem de descrença e conflito paira sobre nossas cabeças. Sou do tipo de pessoa que detesta brigas. Dou cinco boiadas pra não entrar numa. Adoro cultivar afetos, aproveitar as amizades, compartilhar bons sentimentos. Sou otimista na essência! E nessa toada, quero crer que o clima vai melhorar e as pessoas vão voltar a se entender.
Entendimento não quer dizer assentir sem questionar. Não significa ausência de crítica, e sim a capacidade de conversar – falar e ouvir. Na minha opinião está nos faltando muito a escuta desarmada. Quando foi que perdemos a habilidade de dialogar? A troca de ideias foi substituída por pessoas gritando suas verdades em monólogos surdos, egoístas e arrogantes.
Que a intervenção urbana nas marquises da cidade nos inspire: mais amor, por favor!
Hoje vivemos num país em que somos forçados a tomar um lado. Ser isso ou aquilo, como se na vida só existissem duas alternativas. Se não houvesse infinitas nuances, como seria sem graça a nossa existência! A vida não é exata, cartesiana, organizada e previsível. Ainda bem! Exatamente por isso é surpreendentemente bela.
Mas voltando a 2019, não consigo classificar como um ano bom ou mau. Foi um ano estranho, muito estranho… Só espero que 2020 seja melhor. E isso depende também de você que me lê agora. Eu lhe desafio a exercitar mais a generosidade, a empatia e especialmente a capacidade de ouvir, com o coração aberto e cabeça atenta ao contraditório que, no mínimo, vai lhe fazer pensar e reavaliar pontos de vista.
Não se feche no seu mundo hermético e limitado. Permita-se expandir os horizontes e deixe mais pessoas participarem da sua vida. Quanto mais diferentes, mais rico é o aprendizado. E que seja um 2020 feliz!