Por Christiane Nóbrega

Deram-me uma tarefa: fazer uma resenha de um livro. Não fiz. Não farei.

Tenho um quê de rebelde, sabe? Sempre levei bilhetes na escola por não fazer os deveres.

Há quem chame de indisciplina, eu chamo de liberdade.  

É que gosto mais de declarações de amor do que de resenhas.

Declarações de amor que façam chorar ao escrever e ao ler.

Dessas que arrependidos gostam de fazer em funerais.

Declarações de amor que causem estranheza aos práticos e objetivos.

Dessas lidas em grandes eventos de honra ao mérito.

Dessas encomendadas aos ébrios poetas pelos inábeis com as letras.

O fato é que amar é imprescindível e Ana Maria Lopes também.

Ela se define com “a carioca mais candanga que conhece” e assim ela inicia sua mini autobiografia, como se fosse possível sua imensidão caber em algo mini, algo menor que infinito. E foi assim que a conheci, imensa, infinita, o céu de Brasília, um mar azul, Mar Remoto.

Não, nunca comi um prato de sal com ela e nem dividi herança, dois momentos em que, sem dúvida, conhecemos realmente as pessoas. Mas já tirei um tumor da cabeça e ela apoiando, conta? Enfrentamos o mercado editorial, conta? Vaidades e egos, conta? Se não… fico no amor gratuito mesmo, no encanto pelo olhar e pelo sorriso.

Ela leva surras do computador, do celular, esquece os suspiros das receitas e os deixa perder a validade. Um grande pecado! Assim como amor, suspiros são imprescindíveis. Se não fosse uma piada interna, contaria a vocês que ela é uma anta e que tudo acaba numa grande risada.

“As lágrimas que choro hoje vou precisar delas um dia”

(Prevenção – Mar Remoto).

Elegantíssima. Inteligentíssima. Sensibilíssima. Superlativa. Ana.

Desculpe-me, Ana, não pude fazer uma resenha, só posso amá-la! Amar é imprescindível e você também.