por Elisa Mattos*

Tem uma frase que está bem na moda, dita até por pessoas bacanas, amigos queridos, mas que me incomoda muito e vou falar: é a tal do “o mundo tá ficando muito chato” por conta das restrições impostas pelo tal fenômeno do “politicamente correto”.

No caso, seria a imposição ao respeito às diferenças. Chato isso, né, de fazer piada em público contra pobre, preto, gay, gordo, baixinho, careca, desdentado e tantas outras pessoas que são obrigadas diariamente a enfrentar piadinhas grosseiras sobre a sua condição ou aparência.

Na verdade, as piadas não tem nada de engraçadas, são manifestações camufladas de preconceito, ódio, intolerância. Declaradas repetidamente ajudam a perpetuar o que deve ser eliminado forever da nossa sociedade!

Um exemplo? As críticas contra a decisão de alguns blocos de não tocarem certas marchinhas que são hits nos carnavais há décadas. Ah, qual o problema de cantar “o teu cabelo não nega mulata…, mas como a cor não pega mulata, mulata eu quero o teu amor“?

Mais racista, impossível! Fora que o termo mulata, para quem não sabe, era usado para classificar a mulher nascida da relação entre a escrava negra (estuprada) e o homem branco, numa referência à mula, animal resultante do cruzamento de jumento com égua.

São inúmeras letras famosas que seguem a mesma linha: “nega do cabelo duro, qual é o pente que te penteia?” ou “Ô mulata assanhada que passa com graça, fazendo pirraça, fingindo inocência/… ai, meu Deus, que bom seria se voltasse a escravidão/ eu pegava essa mulata e prendia no meu coração / e depois na pretoria/ é que resolvia a questão”.

Letras e expressões “divertidas e inocentes” que exaltam o racismo e tantas outras formas de ódio e preconceito.  Fiquemos espertos, gente! Desdenhar o “politicamente correto”, na minha opinião, é ir no mesmo caminho das figurinhas fascistas que desprezam “os direitos humanos”.

Sei que tem gente que vai comentar: – Nossa, como Elisa tá chata, nada a ver!  É? Paciência!

Como diria minha velha mãe: quem fala o que quer, ouve o que não quer”!

PELO POLITICAMENTE CORRETO SIM!

BOICOTE ÀS MARCHINHAS RACISTAS SIM! QUE CADA UM COMPRE A SUA BRIGA SIM!

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* Elisa Mattos é jornalista e colaboradora do Coletivo Maria Cobogó