por Luiza Campos * |

 

 

Pausa.

 

Volta.

 

À deriva, noite adentro. Boiando no fundo do mar. Sem direção, sem rumo, sem caminho. O mar é a natureza do infinito. Pro lado, pro fundo, horizonte. Ser tão menor e mais denso. Braços abertos, olhos fechados. Ouvir o barulho de fora ou o surdo mergulhar. À deriva, noite afora. O mar é símbolo de tudo. Coragem, medo, se entregar. Abismo molhado e sem fundo. À deriva, com tudo que brota. O sol, o sal, a saliva. O suor tem a mesma qualidade da lágrima. É o que se entra, se faz ficar. A ausência de tudo é o que padece.

 

A porta ficou sempre fechada: não vale a pena entrar.

À deriva, mar profundo.

 

***

 

 

* Luiza Campos é arquiteta, escritora, fruto da terra brasiliense e apaixonada pelo mar.