Por Elisa Mattos
Deixei de ser filha, sou apenas mãe.
Apenas?
Não! É muito, muito, muito!
A vida é um vai e vem de voltas intermináveis!
Teve um tempo em que eu era apenas filha.
Tempos depois, vivi por muito tempo o papel duplo de filha e mãe.
Mãe e filha.
De cuidar e ser cuidada. De ficar exausta e provocar cansaço. De dar e receber. De dar e não receber, de receber e dar o troco.
Até que minha mãe saiu de perto de mim.
Que deixei de ouvir a voz dela todos os domingos, ao telefone, só para me contar se chovia ou fazia sol em Niterói.
Se já tinha ido à missa, onde seria o almoço, saber como seria o meu domingo!
Hoje dona Heloisa faria aniversário.
Certamente ela teria muitas coisas para me contar no fim do dia.
Mas o telefone não vai tocar.
A filha aqui vai ficar só na saudade.
Ah! Mas hoje, a mãe aqui já recebeu o telefonema da filha que está longe, só para me contar da nova vida e deixar claro que continua perto de mim.
A outra filha está aproveitando o domingo, como deve ser na idade dela.
E eu?
Eu não estou sozinha neste domingo, estou com todas elas, juntas, aqui, em volta de mim.